O Legado da Conferência
Muitos anos ainda se passarão antes que possam ser avaliados, em toda a sua extensão, os resultados da Rio-92. Concebida pela ONU para se constituir em um marco no relacionamento do homem com a Terra, apenas o tempo dirá se dela resultou uma efetiva mudança de comportamento nesse sentido ou se, pelo contrário, essa iniciativa histórica terá perdido a queda-de-braço com os fatores determinantes do contínuo aumento do binômio pobreza/degradação ambiental.
De qualquer modo, podemos tirar algumas conclusões imediatas tanto do encontro oficial (a Rio-92 propriamente dita) quanto do da sociedade civil (o guarda-chuva de eventos chamado Fórum Global), sendo o balanço daí resultante francamente positivo. Isso não é suficiente, contudo, para assegurar providências concretas, na rapidez e intensidade necessárias, para fazer frente aos conflitos entre os interesses do crescimento econômico e aqueles da proteção ao meio ambiente, cujas posições raramente coincidem.
Do lado oficial assistimos, como previsto, à maior reunião de Chefes de Estado de toda a História, os quais, também conforme o esperado, assinaram acordos e declarações de princípios e intenções bastante diluídos pela ação eficiente dos lobbies econômicos, lá representados por testas-de-ferro políticos. O caso mais escandaloso nos foi oferecido pelo governo norte-americano, que ao mesmo tempo em que se negava a endossar a Convenção da Biodiversidade, uma das mais importantes em pauta, privilegiando assim os interesse de sua indústria farmacêutica, se auto-proclamava “líder mundial da preservação ambiental”.
Discurso semelhante foi adotado pelo Japão, que denominou a si próprio “superpotência emergente na defesa do meio ambiente”, a despeito de suas notórias ações no sentido inverso em todo o mundo. Outros exemplos poderiam ser acrescentados a esses, mas mesmo assim os acordos firmados durante a Rio-92 significam um avanço na medida em que formalizam princípios fundamentais a serem seguidos por indivíduos, povos e nações caso estes ainda queiram proporcionar um final feliz para a aventura humana neste planeta.
O Brasil, acossado por (justificadas) acusações de descaso para com o destino das ricas florestas tropicais que encerra em suas fronteiras, ao menos manteve uma postura de digna discrição, embora isso por certo não seja suficiente para varrer para debaixo do tapete o flagrante abandono da área ambiental pelo governo federal e pela totalidade dos governos estaduais.
O Fórum Global, por sua vez, funcionou muito bem como canal de troca de experiências e informações entre as diversas ONGs, ambientalistas ou não, de todo o mundo. Proporcionou, ainda, um rápido fortalecimento das redes de entidades afins, de forma a aumentar a eficiência de suas atuações individuais.
Politicamente o Fórum Global talvez não tenha sido tão bem-sucedido em influenciar as decisões tomadas na conferência oficial, mas sua importância nesse sentido também não deve ser subestimada. Outro ponto positivo foi a aprovação pelo Fórum Internacional – principal evento do Fórum Global – de diversos tratados, através dos quais a sociedade civil pôde expressar livremente os seus pontos de vista.
Resta, agora, o monumental desafio de se colocar em prática as resoluções tiradas da conferência, e de se fiscalizar e pressionar os governos para que assumam o papel preponderante que lhes cabe na adoção de políticas ambientalmente corretas em todos os campos de sua atuação. É preciso, ainda, que se siga cotidianamente uma nova maneira de ser em relação ao ambiente que nos cerca, para que esta substitua o pernicioso antropocentrismo hoje dominante. Se vai dar certo? A resposta depende do empenho de cada um de nós.
Muitos anos ainda se passarão antes que possam ser avaliados, em toda a sua extensão, os resultados da Rio-92. Concebida pela ONU para se constituir em um marco no relacionamento do homem com a Terra, apenas o tempo dirá se dela resultou uma efetiva mudança de comportamento nesse sentido ou se, pelo contrário, essa iniciativa histórica terá perdido a queda-de-braço com os fatores determinantes do contínuo aumento do binômio pobreza/degradação ambiental.
De qualquer modo, podemos tirar algumas conclusões imediatas tanto do encontro oficial (a Rio-92 propriamente dita) quanto do da sociedade civil (o guarda-chuva de eventos chamado Fórum Global), sendo o balanço daí resultante francamente positivo. Isso não é suficiente, contudo, para assegurar providências concretas, na rapidez e intensidade necessárias, para fazer frente aos conflitos entre os interesses do crescimento econômico e aqueles da proteção ao meio ambiente, cujas posições raramente coincidem.
Do lado oficial assistimos, como previsto, à maior reunião de Chefes de Estado de toda a História, os quais, também conforme o esperado, assinaram acordos e declarações de princípios e intenções bastante diluídos pela ação eficiente dos lobbies econômicos, lá representados por testas-de-ferro políticos. O caso mais escandaloso nos foi oferecido pelo governo norte-americano, que ao mesmo tempo em que se negava a endossar a Convenção da Biodiversidade, uma das mais importantes em pauta, privilegiando assim os interesse de sua indústria farmacêutica, se auto-proclamava “líder mundial da preservação ambiental”.
Discurso semelhante foi adotado pelo Japão, que denominou a si próprio “superpotência emergente na defesa do meio ambiente”, a despeito de suas notórias ações no sentido inverso em todo o mundo. Outros exemplos poderiam ser acrescentados a esses, mas mesmo assim os acordos firmados durante a Rio-92 significam um avanço na medida em que formalizam princípios fundamentais a serem seguidos por indivíduos, povos e nações caso estes ainda queiram proporcionar um final feliz para a aventura humana neste planeta.
O Brasil, acossado por (justificadas) acusações de descaso para com o destino das ricas florestas tropicais que encerra em suas fronteiras, ao menos manteve uma postura de digna discrição, embora isso por certo não seja suficiente para varrer para debaixo do tapete o flagrante abandono da área ambiental pelo governo federal e pela totalidade dos governos estaduais.
O Fórum Global, por sua vez, funcionou muito bem como canal de troca de experiências e informações entre as diversas ONGs, ambientalistas ou não, de todo o mundo. Proporcionou, ainda, um rápido fortalecimento das redes de entidades afins, de forma a aumentar a eficiência de suas atuações individuais.
Politicamente o Fórum Global talvez não tenha sido tão bem-sucedido em influenciar as decisões tomadas na conferência oficial, mas sua importância nesse sentido também não deve ser subestimada. Outro ponto positivo foi a aprovação pelo Fórum Internacional – principal evento do Fórum Global – de diversos tratados, através dos quais a sociedade civil pôde expressar livremente os seus pontos de vista.
Resta, agora, o monumental desafio de se colocar em prática as resoluções tiradas da conferência, e de se fiscalizar e pressionar os governos para que assumam o papel preponderante que lhes cabe na adoção de políticas ambientalmente corretas em todos os campos de sua atuação. É preciso, ainda, que se siga cotidianamente uma nova maneira de ser em relação ao ambiente que nos cerca, para que esta substitua o pernicioso antropocentrismo hoje dominante. Se vai dar certo? A resposta depende do empenho de cada um de nós.
André Ilha
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