Explosão Demográfica: Desequilíbrio Ecológico e Social
Quem não se lembra do jingle da vitoriosa campanha da seleção brasileira de futebol em 1970, no México? Ele começava assim: “Noventa milhões em ação, prá frente Brasil...”. Pois hoje, passada pouco mais de duas décadas daquele momento de euforia nacional, já ultrapassamos a casa dos 150 milhões de habitantes, ou seja, um aumento de mais de 50%.
Em diversos outros países, especialmente naqueles menos desenvolvidos, os números são igualmente alarmantes. O censo que acaba de ser completado na Índia nos revela que sua população é de cerca de 844 milhões, prova incontestável do fracasso do programa de planejamento familiar que aquela nação vinha adotando. A China, que detém um nada invejável recorde nesse campo, já atingiu a fantástica cifra de 1,13 bilhão de habitantes, e nem assim o número de nascimentos deixou de superar o de óbitos.
Esse crescimento constante da população gera tremendos desafios para os governantes que, dispondo apenas de recursos escassos, deveriam atender à correspondente demanda por bens e serviços essenciais a essa massa de novos cidadãos. As megalópoles de hoje se mostram inadministráveis, e a violência urbana é apenas uma faceta de uma questão que se mostra cada vez mais complexa e insolúvel.
Ora, temos que nos render a uma verdade inquestionável: não é possível se manter um contingente populacional sempre crescente em um mundo limitado, por mais pródigo que este seja. Mais cedo ou mais tarde haverá um momento em que, necessariamente, a capacidade de a natureza nos fornecer alimentos e matérias-primas ficará abaixo do mínimo necessário para assegurar uma existência digna – ou apenas uma existência – às inúmeras pessoas que, a cada ano, vêm juntar-se a nós neste ainda belo planeta Terra.
Os dirigentes brasileiros têm se furtado a encarar de frente o problema, limitando-se a fazer vagas declarações de intenções nunca cumpridas, receosos talvez da impopularidade que sua execução poderia lhes acarretar. Sua inércia, contudo, dá margem a que aconteçam práticas totalitárias, tais como a maciça esterilização clandestina que, segundo denúncias veiculadas nos jornais, vem vitimando expressiva parcela da população feminina em idade fértil do Nordeste.
A igreja também tem sua parcela de culpa. Ao manter sua postura intransigente, contrária a determinados métodos contraceptivos, seus representantes têm revelado uma notável falta de visão em relação à preocupante realidade dos tempos atuais. Estimulam dessa forma o nascimento de milhões de crianças que, desejadas ou não, já vêm ao mundo condenadas a sofrer toda sorte de privações, uma vez que temos nos mostrado incapazes de eliminar a pesada teia de injustiças oriunda das desequilibradas relações sociais intra e internacionais do mundo atual. Os “meninos de rua”, que perambulam pelas cidades assombram nossas consciências, e as inumeráveis crianças desnutridas do campo, muitas das quais não chegam sequer a completar seu primeiro aniversário, vivem vidas sem qualquer perspectiva. Uma legião de pequenos sentenciados à morte (por fome, doenças e, agora, tiros) sem o direito – pois a sociedade implacável nunca lhes concedeu direitos – de se alimentar, vestir, receber educação e se sentirem amados. Então, o que é pior?
Por essa e por um extenso rosário de outras razões que poderíamos aqui desfiar, urge que a questão do controle demográfico seja enfrentada sem demagogia, com a seriedade que o problema requer. A melhor forma para tal é através da educação. Uma campanha intensa e ininterrupta, que esclareça a quem precisa que alternativas existem para evitar filhos não planejados seria o ponto de partida. Os diversos métodos anticoncepcionais devem ser tornados acessíveis a todos, e não apenas às famílias de classes média e alta. Além disso, é possível vislumbrar uma vasta gama de incentivos legais a famílias com poucos filhos.
Caso medidas urgentes não sejam implementadas logo, de forma decidida e enérgica, estaremos nos encaminhando, seguramente, para um colapso ambiental, perdendo, então, todo o sentido ou qualquer efeito prático, lutas em defesa do meio ambiente e pela melhoria da qualidade de vida da população. Terá sido tudo em vão.
André Ilha
Quem não se lembra do jingle da vitoriosa campanha da seleção brasileira de futebol em 1970, no México? Ele começava assim: “Noventa milhões em ação, prá frente Brasil...”. Pois hoje, passada pouco mais de duas décadas daquele momento de euforia nacional, já ultrapassamos a casa dos 150 milhões de habitantes, ou seja, um aumento de mais de 50%.
Em diversos outros países, especialmente naqueles menos desenvolvidos, os números são igualmente alarmantes. O censo que acaba de ser completado na Índia nos revela que sua população é de cerca de 844 milhões, prova incontestável do fracasso do programa de planejamento familiar que aquela nação vinha adotando. A China, que detém um nada invejável recorde nesse campo, já atingiu a fantástica cifra de 1,13 bilhão de habitantes, e nem assim o número de nascimentos deixou de superar o de óbitos.
Esse crescimento constante da população gera tremendos desafios para os governantes que, dispondo apenas de recursos escassos, deveriam atender à correspondente demanda por bens e serviços essenciais a essa massa de novos cidadãos. As megalópoles de hoje se mostram inadministráveis, e a violência urbana é apenas uma faceta de uma questão que se mostra cada vez mais complexa e insolúvel.
Ora, temos que nos render a uma verdade inquestionável: não é possível se manter um contingente populacional sempre crescente em um mundo limitado, por mais pródigo que este seja. Mais cedo ou mais tarde haverá um momento em que, necessariamente, a capacidade de a natureza nos fornecer alimentos e matérias-primas ficará abaixo do mínimo necessário para assegurar uma existência digna – ou apenas uma existência – às inúmeras pessoas que, a cada ano, vêm juntar-se a nós neste ainda belo planeta Terra.
Os dirigentes brasileiros têm se furtado a encarar de frente o problema, limitando-se a fazer vagas declarações de intenções nunca cumpridas, receosos talvez da impopularidade que sua execução poderia lhes acarretar. Sua inércia, contudo, dá margem a que aconteçam práticas totalitárias, tais como a maciça esterilização clandestina que, segundo denúncias veiculadas nos jornais, vem vitimando expressiva parcela da população feminina em idade fértil do Nordeste.
A igreja também tem sua parcela de culpa. Ao manter sua postura intransigente, contrária a determinados métodos contraceptivos, seus representantes têm revelado uma notável falta de visão em relação à preocupante realidade dos tempos atuais. Estimulam dessa forma o nascimento de milhões de crianças que, desejadas ou não, já vêm ao mundo condenadas a sofrer toda sorte de privações, uma vez que temos nos mostrado incapazes de eliminar a pesada teia de injustiças oriunda das desequilibradas relações sociais intra e internacionais do mundo atual. Os “meninos de rua”, que perambulam pelas cidades assombram nossas consciências, e as inumeráveis crianças desnutridas do campo, muitas das quais não chegam sequer a completar seu primeiro aniversário, vivem vidas sem qualquer perspectiva. Uma legião de pequenos sentenciados à morte (por fome, doenças e, agora, tiros) sem o direito – pois a sociedade implacável nunca lhes concedeu direitos – de se alimentar, vestir, receber educação e se sentirem amados. Então, o que é pior?
Por essa e por um extenso rosário de outras razões que poderíamos aqui desfiar, urge que a questão do controle demográfico seja enfrentada sem demagogia, com a seriedade que o problema requer. A melhor forma para tal é através da educação. Uma campanha intensa e ininterrupta, que esclareça a quem precisa que alternativas existem para evitar filhos não planejados seria o ponto de partida. Os diversos métodos anticoncepcionais devem ser tornados acessíveis a todos, e não apenas às famílias de classes média e alta. Além disso, é possível vislumbrar uma vasta gama de incentivos legais a famílias com poucos filhos.
Caso medidas urgentes não sejam implementadas logo, de forma decidida e enérgica, estaremos nos encaminhando, seguramente, para um colapso ambiental, perdendo, então, todo o sentido ou qualquer efeito prático, lutas em defesa do meio ambiente e pela melhoria da qualidade de vida da população. Terá sido tudo em vão.
André Ilha
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